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terça-feira, 27 de setembro de 2011

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Internet é lugar de autoria ou plágio?

Uma das atividades do Curso Tecnologias em Educação que mais me motivou foi na disciplina “Projeto Pedagógico Utilizando Ferramentas de Autoria”. Após a leitura do texto de Pedro Demo “Habilidades do Século XXI" fomos provocados pelo mediador a fazer uma análise sobre a questão: Internet é lugar de autoria ou plágio? Vejam o meu trabalho e dêem opiniões.


“O protagonista das novas habilidades do século XXI não é propriamente o avanço tecnológico, por mais que isto seja decisivo. É o professor. A melhor tecnologia na escola ainda é o professor”. (Pedro Demo)


“Os internautas usam o termo “remix” para assinalar os textos que inventam no mundo virtual (WEINBERGER, 2007), desde arranjos que são cópias ou quase, até algo mais exigente ou rebuscado, como um texto da wikipedia ou de um blog acadêmico. Como nós mesmos não somos propriamente originais – somos elo de uma cadeia que nos precede e sucede –, não poderia haver idéia ou teoria propriamente original. A expectativa de pureza de idéia ou teoria é apenas expressão autoritária”. Em “Habilidades do Século XXI”, Pedro Demo chama a atenção para a necessidade de o professor atentar para o que ele denomina de conceito novo de “cultura popular” envolvendo linguagem e comunicação, pois com o avanço da tecnologia cultura popular agora é blu-ray, mp4, televisão, internet, etc. As crianças têm usado essa linguagem, dela se apropriaram e nela se inclui o texto. O autor também alerta para o fato de que toda autoria é feita de outras, um “remix” e que na prática existe mais apropriação indébita do que criação propriamente dita.
A constatação de Demo e de que os professores não têm formação mínima para dar conta das habilidades exigidas no século XXI, inclusive as crianças já deveriam ser alfabetizadas usando computadores, que já são ferramentas de seu uso. Saber alfabetizar lidando com a máquina proporciona ao professor construir nela o melhor ambiente possível de alfabetização, em especial usando as simulações virtuais. Esse seria o professor maiêutico a quem Demo denomina de insubstituível, aquele que orienta e motiva o aluno. E o professor que será substituído pelo mundo virtual, com vantagem, pois já está com seus dias contados, é o professor instrucionista, cuja pedagogia é tradicional.
Vivemos em uma sociedade que assiste a filmes piratas, ouve música pirata, onde se pirateia softwares, e-books e até remédios, mas nem por isso a internet deve ser vista como vilã, sabotadora da aprendizagem, como um ambiente que proporciona a cópia, o plágio. Parafraseando Lavoisier, o criador da química moderna ("Na Natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma”.) o comunicador Chacrinha, conhecido como o “Velho Guerreiro”, dizia que “Nada se cria, tudo se copia”. Quem é que não encontra semelhanças entre a música Epitáfio (Sérgio Britto - Titãs), e a poesia Instantes - atribuída ao poeta argentino Jorge Luís Borges e a escritora americana Nadine Stair)? O que dizer de “Canção do Exílio”¹ de Gonçalves Dias ( escrita em 1843), considerada um fenômeno de intertextualidade a começar pelos versos do Hino Nacional, de 1909, onde Duque Estrada repetiu: "Nossos bosques têm mais vida", "Nossa vida" no teu seio "mais amores" passando por Canção do Exílio - Casimiro de Abreu, Canto de Regresso à Pátria - Oswald de Andrade, Europa, França e Bahia - Carlos Drummond de Andrade, Nova Canção do Exílio - Carlos Drummond de Andrade, Canção do Exílio - Murilo Mendes, Canção do Expedicionário - Guilherme de Almeida, Uma Canção - Mário Quintana, Jogos Florais I e II - Antônio Carlos de Brito (Cacaso), Canção de Exílio Facilitada - José Paulo Pais, Lisboa: Aventuras - José Paulo Pais, Sabiá - Letra de Chico Buarque de Holanda e música de Antônio Carlos Jobim até Terra das Palmeiras  de Taiguara? Como denominaríamos? Inspiração, criatividade, intertextualidade ou plágio? Semelhança ou mera coincidência?
O certo é que professor tem que estar preparado para apoiar, estimular e acompanhar o aluno no desenvolvimento de suas habilidades, envolvendo-se com a sua aprendizagem de forma que o motive a criar, inventar, pesquisar, elaborar, e não plagiar, piratear. A cópia, o plágio, não é prerrogativa do ser humano do século XXI e a internet, usada de forma salutar com certeza será parceira do professor e do aluno. Não conseguimos mais alfabetizar na 1ª série, e, para muitos casos, esta alfabetização não se conclui nunca. Ainda é comum que alunos da 9ª série leiam, mas não entendam o que lêem. São, pois, analfabetos, no sentido maior deste termo: não sabem pensar. A escola, assim, não prepara para a vida, porque negam-se aos alunos inúmeras outras alfabetizações, em especial as digitais. Se já muitos ficavam para trás por não deterem a alfabetização tradicional, não atingir outras alfabetizações, em particular as digitais, vai tornando-se um fator drástico de exclusão social”. (Pedro Demo)

 

Fontes:

¹ A Canção do exílio teria surgido por inspiração após a leitura da balada Mignon, de Wolfgang Goethe, poema do qual Gonçalves Dias usa alguns versos como epígrafe.